Autor: Gildázio Vieira Santos
Joaquim era e ainda é, com certeza, um mulato forte as vezes muito trabalhador, de vez em quando a preguiça o pegava de jeito, mas... um bom rapaz, pode se dizer.Trabalhou com o meu pai algum tempo atrás
Gostava de contar vantagens e valentias, certa feita espalhou que tinha gado, que um terço do gado que tinha na Lagoinha era dele e um dos que ouviram essa conversa perguntou ao meu pai: Dely, é verdade que Joaquim tem gado? Meu pai respondeu: De bicho que toma fôlego ele só tem mesmo o fiofó.
Mas vamos às valentias, um certo dia andando preguiçosamente pelos pastos, de repente um bafo nas costas, era uma vaca, assustou-se e fez carreira, à sua frente uma cerca de arame, de um só pulo saltou-a e continuou a correr, chegou na casa gritando: Hoje vou matar tudo que é bicho de quatro pés, tinha 3 tamboretes debaixo de uma árvore no fundo da casa, pegou um estraçalhou, pegou o segundo, da mesma forma, o terceiro tinha somente 3 pés, esse ele deixou intacto, entrou no quarto pegou uma peixeira e saiu gritando, não vai sobrar bicho de 4 pés vou matar todos, nisso meu pai vinha chegando do Mato Grosso (ainda bem que meu pai só tem 2 pés) e perguntou: que é isso rapaz? Ele respondeu o famoso refrão: Vou matar tudo que é bicho de 4 pés, Para isso você precisa de força e disposição e tirou do embornal um litro de pinga e falou, toma “uma” porque pinga dá disposição e raiva, ele tomou um golaço que a pinga foi pro “ombro” do litro, meu pai olhou prá faca e falou, com essa faca rumbuda? Couro de boi é grosso, essa faca vai é quebrar, ele vai correr atrás de você e vai te achar mesmo se você se esconder debaixo do pinico do Demo, é melhor você amolar essa peixeira.
Pediu mais pinga para dar mais sustança, uma pedra de amolar debaixo da árvore onde estavam os tamboretes e começou a afiar a faca e a pinga também começou a fazer efeito, resultado: ali mesmo dormiu, acordou calmo.
O tempo passou, um outro dia, bem de manhã ele tirava leite, encheu um balde de 20 litros colocou-o no ombro e foi levá-lo à cozinha, no trajeto , que não era longo, uma cobra cascavel passa à sua frente , ele dá um pulo, o balde destampado derrama leite no seu cangote desce pelas costas, aí foi a gota d'água, ou melhor, de leite, o sujeito ficou muito macho , colocou o balde em cima do fogão a lenha e disse gritando: Hoje vou matar todo bicho que arrasta.
Minha mãe lembrando dos assassinatos dos tamboretes também gritou: Menina, esconde o ferro de passar roupa!