16 de abril de 2010

Crônica vencedora da promoção

Agradecemos e parabenizamos a Urias Wesclei (foto) pela crônica enviada ao qual  ele fez jus  ao prêmio de R$ 100,00 ofertado pela Folha Sebastianense.

A proposta do botijão
Literatura de cordel


Preparem-se queridos leitores,
Pois uma história vou contar,
Só não me perguntem sobre os atores,
Pois não posso propagar,
Se é ou não verdade atestar não poderei,
Mas pelo preço que comprei, 
Também vou lhes ofertar.


Um já é senhor idoso,
Proprietário de um carro,
Que nada tem de novo,
De bufunfa estava quebrado,
Seu carro estava parado,
Em sua casa estacionado,
Mas muito bem conservado.


O outro é um rapaz,
Autêntico vida boa,
Sustentado pelo pai,
Sem patrão e sem patroa,
Que nada faz da vida,
Sem trabalho nem lida,
Não toma sol e nem garoa.


Os dois se encontram,
E começam a conversar,
Cada um se queixando,
Do que a vida lhes dá,
O malandro se queixa da sorte,
O idoso se preocupa com a morte,
Que está próximo de encontrar.


Surge uma grande idéia então,
E ambos só têm a ganhar,
“Tu me roube um botijão”,
“E bom preço vou te pagar”,
O malandro topa, “nada mal”,
“Tou precisando de grana afinal”,
“Só falta escolher um besta pra roubar”.


O negócio ficou acertado,
Em breve se encontrarão,
Cada um foi pra o seu lado,
A zanzar na rua sai o ladrão,
O idoso entra pra seus afazeres,
A cuidar de seus interesses,
Até que chegue botijão.


O idoso se põe a pensar
“Este é meu dia de sorte”,
“Vou comprar um botijão”,
“Quem sabe até dou calote”,
“Neste malandro matuta”,
“tão esperto quanto mula”, 
“O mundo é sempre do mais forte”.


O malandro não precisou muito andar,
Cara esperto não perde tempo,
Grana fácil vou ganhar”,
Na porta do idoso ta batendo,
Este sai a toda pressa,
Então paga sua merreca,
Se explodindo de contentamento.


“O mundo é de quem usa a cuca”,
“Coitado deste idiota”,
“Que deixou seu carro na rua”,
“Vai ficar de boca torta”,
“Quando descobrir que foi furtado”,
“Vai bater no delegado”,
“Vou trocar o gás agora”.


Dia da caça e dia do caçador,
O rapaz não teve piedade,
Ao velhinho sacaniou,
 “Pilantra miserável, covarde”, 
“Se eu pegar este safado”,
“Vai terminar enforcado”,
O arrependimento só chega tarde.


“Meu filho me acuda”,
“Vou morrer do coração”,
“Pois um bandido malvado”,
“Não me teve compaixão”,
“Retirou do meu carro”,
“E me vendeu muito caro”,
“O meu próprio botijão”.


Nem o pai nem o filho,
Denunciaram o espertalhão,
Que saiu feliz da vida,
Com a grana do botijão,
Porque ladrão que rouba ladrão,
Tem cem anos de perdão,
Então não há reclamação.
Comentários
2 Comentários

2 comentários :

Cidadão Ativo disse...

Parabéns!

Unknown disse...

Parabéns cunhado!!!!!!!!
Um abraço.

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