Com 593 municípios em situação de emergência por conta da seca, o
semiárido do Nordeste não sofre apenas com a falta de água, mas também com a
escassez de alimentos. Muitas cidades, onde não chove há seis meses, já
informaram problemas relacionados à falta de comida, já que grande parte das
produções agrícolas --inclusive as familiares-- foi perdida pela falta de
chuva.
Imagens captadas por satélite mostram
que boa parte do Nordeste enfrenta a maior seca dos últimos 30 anos. É possível
perceber que 80% do semiárido da região sofre com a estiagem, o que representa
seis vezes o percentual registrado no ano passado. Não choveu nos quatro
primeiros meses do ano --como era previsto-- e não há perspectiva de chuvas
pelos próximos três meses.
A entrega de alimentos a moradores do sertão, por conta da seca, é algo que não
havia ocorrido nos últimos anos, mas que está sendo novamente realizado em
2012. A situação mais grave é a da Bahia, onde 228
municípios estão em situação de emergência.
Segundo a Defesa Civil Estadual, o governo baiano adquiriu pouco mais de 130
mil cestas básicas para distribuição nos municípios. Além delas, o Estado
também recebeu mais 4.630 do Ministério da Integração Nacional e 5.000 do
Ministério da Agricultura, totalizando 140 mil cestas básicas.
“Esses alimentos devem ser entregues às famílias para durar por pelo menos 30
dias, pois a situação é crítica e temos uma grande demanda. Depois da água, a
falta de alimentos é a nossa maior preocupação, mas estamos atuando para não
deixar ninguém passar fome”, afirmou o coordenador-executivo da Defesa Civil,
Salvador Brito.
Segundo Brito, além dos alimentos, existem outras preocupações com os
sertanejos. “Temos outros problemas. Como a estiagem vem se alongando, temos
diversas repercussões na natureza, como problemas na agricultura familiar e a
captação de água para irrigação. Todo semiárido sofre com essa falta de chuvas”
disse.
CIDADES EM
EMERGÊNCIA
Bahia
|
228
|
Rio
Grande do Norte
|
139
|
Piauí
|
102
|
Pernambuco
|
56
|
Alagoas
|
34
|
Sergipe
|
18
|
Ceará
|
16
|
No Piauí, onde já são 102 municípios com decretos
homologados pelo Estado, não há distribuição de alimentos. Porém, segundo a
Defesa Civil, ao invés de cestas básicas, os sertanejos serão contemplados com
o Bolsa Estiagem, que vai pagar cinco parcelas de R$ 80 às famílias atingidas.
“Nós sabemos da dificuldade que existe no Estado como um todo. Oficialmente não
temos relatos de falta total de alimentos, mas pode ser o que esteja
acontecendo. A antecipação do Seguro Safra também vai ajudar nessa compra de
alimentos”, disse o diretor da unidade da Defesa do Piauí, Jerry Herbert.
O diretor explicou ainda que o Estado pretende ampliar o números de
caminhões-pipa para ofertar água a população. “Estamos trabalhando com mais de
200 carros-pipa, e o Ministério da Integração vai contratar mais 300 para
amenizar o problema que está gravíssimo. O problema é que, até agora, os R$ 15
milhões anunciados pelo governo federal estão só no papel, não foram liberados.
Assim, não podemos aumentar as ações.”
Em Pernambuco, um decreto do governador Eduardo
Campos (PSB), publicado no Diário Oficial do Estado neste sábado (5),
oficializou decreto de emergência nos 56 municípios do Sertão. Segundo informou
a assessoria de imprensa da Coordenadoria de Defesa Civil, a entrega de cestas
básicas e de alimentos está sendo feita pela Secretaria de Assistência Social.
No Ceará, o coordenador da Defesa Civil, Hélcio Queiroz,
informou que já são 16 municípios em situação de emergência e as demandas por
alimento serão discutidas nos próximos dias. “Nós vamos ter uma reunião nesta
segunda-feira (7) do comitê de ações de combate à seca, onde vamos definir as
realizações que serão feitas nessas cidades. Entre elas, pode ser definida a
entrega de alimentos”, disse.
A situação também é grave em Alagoas, onde 34
cidades estão em situação de emergência. Segundo a AMA (Associação dos
Municípios de Alagoas), o fornecimento de água por meio de caminhões-pipa
continua suspenso e ainda não há entrega de alimentos, apesar de relatos
apontarem para perda de produção em vários municípios. "A operação pipa
está paralisada porque o recurso acabou há mais de uma semana. Não estamos com
distribuição de comida ou água. Estamos providenciando, pedindo ao governador,
vê se eles liberam carros e comida pela Secretaria da Assistência Social”,
informou Margarete Bulhões, responsável pelo setor de decretos de emergência da
AMA.
Em Sergipe, as mais de 100 mil pessoas afetadas nas 18
cidades em emergência estão recebendo o fornecimento de água por carros-pipa.
Na Paraíba, apesar da seca ter se intensificado nas
últimas semanas, ainda não decretos homologados pelo Estado, o que deve ocorrer
nos próximos dias, quando a documentação das prefeituras for entregue ao
governo do Estado. No Rio Grande do Norte,
139 municípios decretaram, coletivamente, situação de emergência em abril.
Fonte: UOL Notícias