Para tentar amenizar a seca que atinge mais da metade do Estado, a
Bahia vai testar um projeto-piloto com objetivo de produzir chuva
artificial em áreas em que não há registro de precipitações
significativas há pelo menos oito meses. No Estado, mais de 230
municípios já decretaram situação de emergência pela falta de chuvas
desde o final de 2011.
O modelo que será testado no semiárido já é utilizado em outros Estados
e utiliza aviões para bombardear as nuvens e induzir as chuvas. Segundo
o governo baiano, o projeto já foi usado com bons resultados em Estados
como São Paulo.
O desafio agora é conseguir fazer chover na região mais afetada pela
estiagem do país. Para isso, o governo baiano vai investir,
inicialmente, R$ 200 mil. O projeto está em fase final, e os primeiros
testes devem ser feitos a partir da próxima semana. Se conseguir
produzir chuva artificial no sertão, a ideia do governo é utilizar o
recurso pelo menos até o mês de setembro.
“É um projeto natural, sem utilização de produto químico e aprovado
pela ONU. Através de radar e satélite, que vê as nuvens com potencial de
precipitação, um avião decola com dois pulverizadores, que jogam
gotículas de água. Elas batem no vapor da nuvem e fazem peso. Com isso, a
gravidade faz a água cair”, explicou o secretário de Agricultura da
Bahia, Eduardo Sales.
Num primeiro momento, duas áreas, entre as mais afetadas, foram
escolhidas como "cobaias" do projeto: as regiões da Chapada Diamantina e
do sudoeste baiano.
“Escolhemos as regiões porque uma faz parte da bacia do rio Paraguaçu,
que abastece as maiores cidades –entre elas, Salvador--, e a outra é a
região de Vitória da Conquista, que está com racionamento de água para
uma população de 350 mil pessoas. Vamos usar duas bases operacionais: os
aeroportos de Lençóis e de Vitória”, disse Sales.
Segundo o secretário, o projeto foi apresentado por uma empresa
paulista que patenteou o projeto de chuvas artificiais e o utiliza pelo
Brasil. “Eles nos procuraram e vamos tentar. É um teste-piloto. O índice
de nuvens é muito baixo nessa época, e a possibilidade de dar certo,
afirmaram, é de 40%. Não quero criar falsas expectativas. Não vamos
pensar que isso vai resolver o problema da seca. Não é chuva para encher
barragem, mas vamos ver se dá algum resultado.”
Para Sales, a seca desse ano é a maior já enfrentada pelo Estado, o que
obriga o governo a adotar medidas urgentes e até sem eficácia
garantida. “Dizem que é a pior seca em 47 anos, mas acho que é a pior da
historia. As pessoas que estão na capital não entendem a gravidade do
que está se passando no interior. Então, tudo que for tentativa, nós
vamos fazer para tentar minimizar esse sofrimento” afirmou.
Segundo apresentação da empresa ModClima, responsável pela execução do
projeto, a produção de chuvas artificiais é um processo “totalmente
limpo e ecologicamente correto.”
“Esse processo consiste em semear água nas nuvens com potencial para
chuva. A técnica estimula o processo de crescimento da gota de água nas
nuvens precipitando-as. A produção de chuvas artificiais está sendo
aprimorada desde 2001 em conjunto com a Sabesp [Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo] e tem contribuído para o enchimento das
represas que abastecem quase 20 milhões de pessoas que moram na região
metropolitana de São Paulo”, explica a empresa em sua página na
internet.
Fonte: UOL