Um dia surgiu como uma idéia, de
como fazer algo que fosse importante para o desenvolvimento do município sem
fazer política. Tinha que ser algo independente e que impressionasse
as pessoas e fizesse com que elas gostassem. Aí surgiu a Folha Sebastianense,
nome provisório até então.
O primeiro passo foi buscar
amigos que apoiassem e ajudassem principalmente. Como convencer uma pessoa a
fazer um trabalho sério, com muita responsabilidade sem remuneração? Somente se
for pessoa inclinada com o mesmo pensamento, que vai entender que o começo é
difícil e assim, aos poucos e juntos fizemos uma equipe sólida e entrosada.
No dia primeiro de agosto de 2009
começamos a trabalhar. Tínhamos muita insegurança, nossa intenção era boa mas,
será que as pessoas aprovariam e gostariam que continuasse? Esse era o nosso
maior receio. Nossa estratégia era o suspense. Ninguém, ou pouquíssimas pessoas
podiam saber, não era por nada, mas uma estratégia que tivemos.
Idéias e mais idéias iam surgindo
e sugestões de matérias também até que decidimos fazer a primeira. Foi sobre
umas ruínas que tem na Fazenda Campos, próximo ao Mato Grosso, nos fundos da
casa do Sr. Nezinho, nosso primeiro entrevistado. Chegamos e explicamos-lhe que
era um trabalho muito importante que estávamos fazendo mas não podíamos contar
sobre o que era, ele não fez muitas perguntas e aceitou prontamente falar sobre
o muro e nos levou até o local para conhecer. Como não havíamos levado câmera
para fotos e nem gravador para a conversa, marcamos um outro dia.
Na outra data chegamos, para nós
era tudo muito especial também e muito apreensivo pois aquela nossa dúvida
sempre nos importunava mas mesmo assim tínhamos que enfrentar e ver o que
acontecia. A recepção do Sr. Nezinho foi novamente muito acolhedora, parece
quer sido a melhor pessoa nessa hora. Com muita simplicidade, ele e sua esposa
nos explicaram com detalhes tudo que sabiam do muro que supostamente foi
construído por escravos. Mais que isso, nos contaram como eles eram tratados,
fatos que eles souberam quando eram crianças e adolescentes, atrocidades
difíceis de imaginar.
Chegamos à “redação” e agora
para resumir e deixar de uma forma que faça a todos entender e gostar? Lembro
que fiquei até tarde da noite, não que fosse minha intenção, é que realmente
perdi a noção do tempo e só me interessava o resultado dessa primeira
reportagem. Quando lembrei da hora, era 4 da manhã. Salvei o arquivo e fui
dormir.
No outro dia, ao amanhecer,
novamente voltei a ver as fotos e escrever sobre o assunto. Depois tive que
resumir pois o espaço era muito pouco para tanto texto.
E chegou o dia do lançamento, já
estávamos com as folhas impressas e prontas para serem entregues. Conforme
havíamos combinado, durante a noite, depois das 23 horas, começamos a
distribuição no Povoado do Mato Grosso, casa por casa, jogávamos por baixo das
portas e onde não tínhamos acesso, deixamos no portão. Corremos de muitos
cachorros, acabou que foi muito divertido, olhando há um ano atrás, tudo valeu
a pena, principalmente por estarmos comemorando um ano. Se há um sentimento que
recompensa, esse sentimento é que valeu a pena ter começado.
Acabou que por uma outra combinação, surgiu uma outra matéria sobre a corrida de jegues do Assentamento Paus Preto e como era mais recente, ficou na primeira edição e a reportagem do muro foi na segunda edição.