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A instalação das cisternas de plástico no Semiárido
representa um enorme retrocesso de uma importante conquista das famílias
agricultoras do semiárido nos últimos 11 anos: o direito à água de qualidade.
Em um pouco mais de uma década, as ações da Articulação do Semiárido (ASA),
foram responsáveis pela construção de mais de 500 mil cisternas de 16 mil
litros.
As cisternas de plástico custam o dobro das de placa e, por
chegarem prontas para as famílias, não movimentam a economia local como as de
placa, cujos materiais são adquiridos na região e são empregadas pessoas das
comunidades capacitadas para a construção da tecnologia.
Para reforçar a campanha, a ASA divulgou um documento se
posicionando sobre o assunto e afirmando que o rompimento da parceria com o MDS,
representa um retrocesso. Uma atitude que pode gerar um retorno claro e nítido
a velhas práticas da indústria da seca, onde as famílias são colocadas
novamente como reféns de políticos e empresas, impedidas de construírem suas
próprias histórias.
Para ASA, essa é também uma tentativa de anular a história
de luta e mobilização no Semiárido, devido à incapacidade do próprio governo em
atuar com as ONGs, sem separar o joio do trigo, e não ter, até hoje, construído
um marco regulatório para o setor, uma das promessas de campanha da presidenta
Dilma.
Mobilização comunitária – Várias pessoas, entidades e
segmentos da sociedade brasileira estão apoiando a campanha contra a
implantação das cisternas de plástico e também contra o rompimento do MDS. As
rádios comunitárias estão articuladas nessa causa e realizam hoje uma
mobilização para falar sobre os benefícios das cisternas de placas e explicar
porque a ASA é contra as cisternas de plástico. Serão divulgados spots e
informações como forma de fortalecer a campanha e expressar o sentimento das
pessoas do semiárido, diante deste posicionamento do governo.
Também está programada para acontecer no dia 20 de dezembro
na cidade de Petrolina (PE), uma grande manifestação contra as cisternas de
plástico. Cerca de 10 mil pessoas; agricultores (as) familiares de todo o
semiárido brasileiro, estarão reunidas para debater politicamente a política do
governo em relação ao semiárido e o significado da ASA e das suas ações, que
contribuem para a construção do processo de convivência com o semiárido.
Já abraçaram a causa diversas organizações e personalidades
entre elas: a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), a Articulação Nacional
de Agroecologia, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar (Contag) e o escritor e teólogo Leonardo Boff.
A campanha vai se consolidando e ganhando cada vez mais o
respeito e o apoio da sociedade. Naidison Baptista coordenador da ASA,
afirma que este é o momento para pessoas do semiárido mostrarem a sua força.
Mostrar que só é possível construir políticas se o trabalho for realizado em
rede. “Esperamos que a força da sociedade possa reverter a posição do MDS e
fazer continuar as ações em rede, de forma a interferir nas políticas”,
disse.
Fonte: Calila Notícias
Fonte: Calila Notícias