9 de novembro de 2009

O Parto da Berenice

O cronista oficial da FOLHA SEBASTIANENSE e o autor do Livro AS AVENTURAS DO BATISTA lança mais um livro.

De Gildázio Vieira
Gênero: Literatura de Cordel

Grande Deus, Mestre e Senhor
Agradeço a inspiração
Prá escrever essa estória
E rimar com precisão
O Parto Da Berenice
Que se deu no meu sertão

Na Fazenda “Rabo de Peba”
Vivia o “seu” Catarino
Casado com a Berenice
Homem bom, de trato fino
Trabalhador e honrado
Cumprindo bem seu destino

Oito anos já se fazia
Que eles tinham se casado
Mas não vinha uma criança
Naquele lar abençoado
A Berenice tristonha
O Catarino falado

Existem muitas pessoas
Que vivem da vida alheia
Sempre esperando assunto
Prá fofocar hora e meia
E a vida desse casal
Era assunto de mão cheia

Sempre que ele passava
Começava a galhofa
Diziam: Olha ele lá
Coitado, dizem que é broxa
A “coisa” não funciona
Na hora H se “afroxa”

Outros com mais crueldade
Mas coma ar puro e singelo
Diziam, não é nada disso
Ouvi dizer que é donzelo
Na hora de bater o prego
Deixa cair o martelo

E diziam ainda mais
A Berenice, coitada
Já não sabe o que fazer
Já está desesperada
Há oito anos casada
E continua selada

Já deram até um conselho
Prá ir na serra e tirar
Casca de catuaba
Botar na pinga e deixar
Curtir até ficar roxa
Depois, é só esperar

Mas isso ela fez
E de nada adiantou
Durante um ano inteiro
Ela deitada esperou
Porque, de pé se cansava
E intacta, levantou

Catarino, como sempre
Dos boatos era inocente
Porque os fofoqueiros
Nunca falam pela frente
São covardes e revoltados
Invejosos e incompetentes

Muitas e muitas simpatias
Ensinaram ela a fazer
E muitas boas garrafadas
Ela o deu prá beber
Até espinho de quiabento
Ela botou prá ferver

A Garrafada mais forte
Diziam as fofoqueiras
Foi uma que ela fez
Com folha de cajazeira
Raiz de xique-xique
E talo verde de aroeira

E também nesse “preparo”
Misturou com alecrim
Pena nova de urubu
Raiz brava de aipim
Unha encravada de velha
E terra nova de cupim

E nessa receita ainda tinha
Fel e fígado de gambá
Asa esquerda de morcego
Cem gramas de samburá
Cinco gotas de creolina
E um bico de Carcará

Dizem que esta misturada
O Catarino bebeu
Dois litros numa semana
E ainda os beiços lambeu
Achou bom e pediu mais
Não se sabe se ela deu

Mas uma coisa foi certa
A Berenice mudou
Andava toda sorridente
Linda como uma flor
As faces lisas e coradas
E cantava versos de amor

Vendo essa transformação
As fofoqueiras assanhadas
Falavam umas as outras
Viu como ela está mudada?
Será que arrumou outro
Ou será a garrafada?

Depois de oito anos
Começaram a notar
Que o corpo da Berenice
Estava a arredondar
O povo via e pensava
Não acredito! será?

E novos falatórios
Começaram a circular
Diziam que o Catarino
Estava tudo a chifrar
Porque uma peruca de touro
Estava ele a usar

E pelas costas o chamavam
De corno manso e chifrudo
De espoleta molhada
Que nega fogo a miúdo
Que o filho não era dele
E sim de Pedro Graúdo

Uma das mais atrevidas
Um dia foi perguntar
Para a linda Berenice
Qual a razão do “mudar”
Ela de pronto respondeu:
A receita não vou dar

Então ficou confirmado
O motivo da transformação
Foi realmente a garrafada
Que cumpriu sua missão
Levantou o já defunto
Pondo-o em boa posição

E com o passar dos tempos
Começaram a notar
Que a dona Berenice
Estava mesmo a engordar
Com certeza uma criança
Ela estava a esperar

E as especialistas
Já falavam em menino
Pelo jeito da barriga
Era do sexo masculino
E diziam as gargalhadas
Seu nome é Garrafada
E será muito ladino


Prá continuar esse cordel
Escreva pra esse jornal
Faça o seu comentário
Por e-mail ou verbal
Tudo será anotado
A todos, muito obrigado
Que Deus os livre do mal

Entre em contato com o autor:
Comentários
10 Comentários

10 comentários :

Anônimo disse...

Senhor Gildázio Vieira
Do parto da Berenice
Do final quero me inteirar
Se nasceu mesmo criança
Ou se o Catarino, na lambança,
Teve chifres a lhe ornar.


Sumaré SP

Gardenia Montenegro disse...

Conheci o Gil(Gildazio Vieira)no avião de Paris a São Paulo, ele muito educado e gentil se apresentou, depois que o avião decolou começou a escrever, só escrever, eu quebrei o silencio e perguntei: o que você tanto escreve?ele respondeu: não consigo dormir e para passar o tempo escrevo um "cordel", ali nos ares estava nascendo O PARTO DA BERENICE, li algumas estrofes , uma delas eu decorei, desculpe adianta-la aqui:
No grande peito leiteiro
Ele o queixo baixou
Em menos de cinco minutos
Um litro e meio mamou
O grande peito esticado
Cheio de leite, pesado
Ficou murcho e desabou
Desembarcamos em SP,eu ia pegar outro avião para Porto Alegre e ele me falou: Meu Sertão me espera! eu desejei BOM PARTO!
Gardenia Montenegro
Porto Alegre RS

kely bringel disse...

Sr Gildasio,espero imensamente ver o que vai acontecer com a Berenice, será que ela vai ter gemêos? Eu já ri muito até agora e espero rir ainda mais...

Anônimo disse...

Oi tio adorei o livro quero saber o final estou curiosa imagina logo eu parabens choquei...

Unknown disse...

Quem será essa sobrinha?

Talita Vieira dos santos disse...

Sou eu Tatá Rego

Anônimo disse...

Tatá Rego!!!Você???? por onde andas?
Chocou-se? vai chocar ainda mais na próxima
O Tio

Gildazio Vieira disse...

Agradeço aos votos SIM para a continuidade do PARTO DA BERENICE, agradeço também à pessoa que votou NÃO, seu voto foi muito importante, ele comprovou a imparcialidade da FOLHA SEBASTIANENSE, pois, para quem não sabe eu sou o pai do Tayguara.
Um "Muito obrigado"especial a Má(Márcia Quinette) à Dra Gardênia (Barabaridade tchê!!!!)a Kely Bringel(Kely, que malvadeza!! um filho só ja deu trabalho, imagine se fossem gêmeos) e agradeço a Talita(Tatá Rego)enfin, um parente nos enaltacendo, fiquei muito feliz, ta?
Gildazio Vieira
Genebra-Suiça

Talita disse...

TItio aguardo ansiosa os proximos capitúlos do livro adorei a FOLHA SEBASTIANENSE (toda tra balhada na elegancía isso é um bordão da novela)não consegui entrar no endereço FALE COM O AUTOR mudou? me envie certinho ok abraços a madimozele (escrevi certo) com carinho Tatá Rego

Unknown disse...

Sobre o FALE COM O AUTOR:
É uma forma de entrar em contato utilizando-se de e-mail. Copia-se o endereço e cola-o no seu programa ou servidor.
Folha Sebastianense

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