21 de dezembro de 2011

Passeata contra as cisternas de plástico reúne mais de 15 mil em Petrolina (PE)

A Folha Sebastianense foi até Juazeiro e Petrolina para acompanhar o protesto.

Mais de 15 mil pessoas, entre elas muitos agricultores e também muitos beneficiados pelas cisternas da ASA, que desde 2003 atua na região do semiárido (Estados do Nordeste mais o norte de Minas Gerais) se reuniram na cidade de Juazeiro, na Bahia e partiram em marcha rumo à cidade de Petrolina, em Pernambuco, num protesto contra a decisão do Governo Federal e do MDS de encerrar o contrato com a ONG ASA (Articulação no Semiárido).
Acompanhamos uma caravana que saiu de Guanambi com integrantes da ONG CASA, Cáritas do Brasil de Caetité e também de outras organizações de Brumado e Livramento de Nossa Senhora.
Porém, o governo federal adotou o programa do estado da Bahia Água para Todos e pretende estende-lo para beneficiar muito mais famílias, mas com cisternas de plástico/PVC e as cisternas da ASA são com placas de concreto.

Não se trata pura e simplesmente da construção da cisterna na casa da família. Antes disso, há um curso de dois dias com toda a comunidade beneficiada explicando como se deve cuidar da cisterna, cuidados com o meio ambiente e também como sobreviver no semiárido. A família e os vizinhos, em sistema de mutirão, cavam os buracos (é necessário um buraco com diâmetro de 1,5 (um metro e meio) metro e profundidade de 1 (um) metro). Um pedreiro capacitado também pela ASA vem até a comunidade e faz a construção com material adquirido de comércios do local da comunidade, o que injeta mais dinheiro nas regiões beneficiadas.


Indicadores
Cisternas de Placa
Cisternas de PVC
Cidadania
Água como direito e não benefício.
Água como segurança alimentar.
Pessoas beneficiadas que dominam
apenas parte do processo.
Construção
Construídas pelos agricultores/as
pedreiros/as junto com as famílias.
Entregues prontas às famílias pelas
empresas .
Domínio da técnica de
construção/Autonomia
Famílias dominam todo processo,
participam, constroem e multiplicam para
outras famílias.
Domínio das empresas.
Fortalecimento do
mercado local
A cada dez mil cisternas construídas, são
injetados mais de R$ 20 milhões de reais
no mercado local (materiais de
construção, serviços e impostos) que
geram mais dinamismo social e econômico.
Todo recurso será repassado às
mãos de poucos empresário de fora,
não sendo investidos na região.
Custo
Custo final da cisterna de placa: R$
2.080,00 (incluindo material, construção,
formação e acompanhamento técnico).
Superior às cisternas de placa,
podendo o custo final chegar a mais
que o dobro.
Impacto na saúde das
famílias
Pesquisas indicam que as cisternas de
placas diminuem a incidência de doenças
relacionadas à água - USP/FEBRABAN
(2007), Fiocruz (2010).
Não existem pesquisas.
Acesso à política
Através das comissões municipais
presentes em todos os municípios e a
partir de critérios pré-estabelecidos pelo
programa. As famílias participam
ativamente de todo o processo.
Processo ainda não explicitado.
Geração de renda
Pedreiros, técnicos, facilitadores,
capacitadores, equipes locais, casas de
construção, hotéis, restaurantes, pequenos
comércios, etc.
Renda concentrada nas mãos de
poucos empresários.
Formação para gestão
da água
Todas as famílias são capacitadas em
Cursos de Gerenciamento de Recursos
Hídricos e convivência com o Semiárido.
Processo ainda não explicitado.
Autonomia da população
As pessoas são donas da tecnologia.
Dependência das empresas.
Fonte: Panfleto Solução ou armadilha da ASA. 

Todas as cisternas são cadastradas e numeradas, com fotos dos beneficiados e certificado entregue às famílias.
Sem contar também que após a implantação e educação da ASA, a mortalidade infantil caiu grandemente na região devido consumo de água potável.
Mas devido à crise das Ong’s que já fez ministros caírem, o governo decidiu cortar todos os contratos e assim, os moradores do semiárido podem voltar a ficar reféns de políticas eleitoreiras e perder uma ação social sem fins lucrativos e que promove unicamente a sobrevivência no sertão, com a contrapartida da família, na construção e no cuidado em manter limpa e organizada a cisterna e esperar o bem maior desse povo que é a chuva que cai do céu, como diz a letra da canção ensinada nas construções da ASA:

Água de Chuva
(Roberto Malvezzi)

Colher a água
Reter a água
Guardar a água
Quando a chuva cai do céu

Guardar em casa
Também no chão
E ter água
Se vier a precisão.

No pé da casa você faz a cisterna
E guarda a água que o céu lhe enviou
É dom de Deus, é água limpa, é coisa linda
Todo o idoso, o menino e a menina
Podem beber que é água pura e cristalina.

Você ainda vai lembrar dos passarinhos
E dos bichinhos que precisam beber
São dons de Deus, nossos irmãos, nossos vizinhos
Fazendo isso honrará s São Francisco, 
A Ibiana, conselheiro e Pe. Cícero.

Você ainda vai lembrar que a seca volta
E vai lembrar do velho dito popular
“É bem melhor se prevenir que remediar”
Zele os barreiros, os açudes e as aguadas
Não desperdice sequer uma gota d’água.

É com esse ideal que trabalha a ASA e no fim da manifestação de ontem em Petrolina, recebemos a noticia que o governo chamou a equipe da ASA para conversar, vamos aguardar para ver.

















Vídeo do Globo Rural sobre a Manifestação de Juazeiro/Petrolina.

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