Cocos Maduros |
De origem da Região Amazônica e Mata Atlântica da Bahia, o coco
babaçu, também denominado de bauaçu, baguaçu, auaçu, aguaçu, guaguaçu, oauaçu,
uauaçu, coco–de-macaco, coco-de-palmeira, coco-naiá, coco-pindoba e
palha-branca, presente em Sebastião Laranjeiras e coletado por extrativistas e
seus derivados servem como forma de complementação da renda dessas famílias.
Segundo a extrativista Zumerinda Ferreira
Queiroz, de 57, anos “antigamente muita gente pegava esse coco ‘pra’ fazer
óleo, ‘pra’ vender e cozinhar em casa, mas como as coisas hoje ‘tá’ mais fácil
o povo não quer saber de mexer com coco mais não” [concluiu sua fala com
risadas].
Local da Coleta
Palmeiras |
A coleta do coco babaçu em Sebastião Laranjeiras ocorre na
área denominada como Morro, na região da Serra Geral, no Sitio Palmeiral; há
grande quantidade de palmeiras babaçu no local, a árvore de onde se extrai os
cocos. Tronco reto, não ramificado e pode atingir de 10 a 20 metros de altura.
As folhas são verdes, voltadas para o céu, arqueadas e pode atingir até 8
metros de comprimento.
“As flores são produzidas em inflorescência tipo cacho e de
cor amarelo-clara a branca. Os frutos são ovais, alongados, de coloração
castanha e a sua polpa, farinácea de coloração branca. Mas, a maior parte do
fruto é ocupada por caroço central duro e contém, no interior, 3 a 4 sementes”.
Cada palmeira pode apresentar até 6 cachos.
Interior do coco |
As folhas são utilizadas em nosso município para confecção de
gaiolas, para cobertura de casas e abrigos e como alimento para criação durante
a seca.
Casa construída com derivados da Palmeira |
A parte dura dos frutos resulta num carvão de excelente
qualidade que é utilizada na cozinha de alguns sebastianenses e também aquece
os fornos na cerâmica local.
Extrativistas
Com a facilidade de se encontrar óleo de cozinha no comercio
local a quantidade de extrativistas é insignificante em nosso município. A
extrativista Zumerinda Ferreira de Queiroz de 57, anos nos relatou que em
Sebastião Laranjeiras, atualmente, só há ela e a senhora Lindalci Freitas
Pereira Monção de 35, anos que fazem esse trabalho na cidade.
Vale realçar que o período de maior movimentação desse
trabalho ocorreu quando ainda havia muitas pessoas habitando a região do morro,
com o passar do tempo foi aumentado o êxodo rural e consequentemente o abandono
da atividade. Hoje elas precisam de carona para chegarem ao local de coleta. O
dono do sítio não cobra nenhum valor pela coleta dos cocos em sua propriedade
que são recolhidos somente quando estão maduros e caem do alto da palmeira.
A coleta ocorre durante todo o ano, e só param no período
chuvoso em nossa região.
Processo de Quebra dos
Cocos
Quebra do coco |
Os cocos são quebrados com auxílio de pedras, um trabalho
totalmente artesanal que requer força e cuidado. Após a quebra, elas retiram as
sementes do interior dos frutos e as colocam em uma bacia ou balde, e assim até
concluírem todo o trabalho. Vale frisar produzem com isso um amontoado de
cascas do coco babaçu.
Processo de Extração do
Óleo
As sementes retiradas dos cocos são torradas até ficarem coradas,
o segundo passo é bater toda a massa no pilão de madeira, também de fabricação
artesanal, até ganharem um aspecto granular, o terceiro passo é o cozimento do
material durante aproximadamente uma hora no fogão tendo como fonte de energia
as cascas do próprio coco. Após esse tempo, elas retiram com uma concha parte
do óleo que é menos denso que a água. Depois deixam ao fogo até que toda água
evapore ficando somente o produto final desejado, o óleo babaçu.
Forma de Armazenagem
As extrativistas reutilizam garrafas de vidros e
garrafas pet para armazenagem do produto. Geralmente já são encomendados sendo
difícil encontrar uma garrafa de com cerca de 1L de óleo sem encomendar. A comercialização ocorre na casa das
fabricantes. Atualmente o litro está sendo vendido a R$ 15,00, dinheiro suado
que faz a diferença no final do mês para essas mulheres.
Garrafas utilizadas para armazenar o óleo |
Utilização do óleo em Sebastião Laranjeiras
Segundo a extrativista citada acima o óleo e utilizado na
cozinha sebastianense; serve como cosmético para o cabelo e corpo, utilizando
também contra bronquite, tosse, serve de fonte de energia com auxilio de
algodão para manter a chama da candeia.
Os detritos retirados no processo de cozimento da massa para
extração do óleo são utilizados para alimentar porcos e galinhas e acrescentou
que com a ingestão das sementes da palmeira as galinhas produzem muito mais
ovos.
Texto e fotos: Marcelo de Sousa Santos – Licenciando em Geografia pela
UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos.
Colaboração: Zumerinda Ferreira Queiroz – Extrativista.
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